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Labi lasīt

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Brasil Caipira

      Faz alguns dias que comecei a pesquisar e estudar sobre a cultura caipira, festa junina, festa de São João e etc. O motivo? Fiquei pensando o quão inútil seria comemorar essas festas na nossa região de cultura sulina (do sul, não suína). Quantas festas e datas são comemoradas hoje sem o mínimo de consciência do seu significado? É gente gritando "Uái", se chamando de "Cumpádi", pintando bigode na cara, se entupindo de rapadura e pipoca, falando em pular fogueira, e a multidão de crianças aterrorizando com bombinhas/biribinhas/rojões etc

     A partir da obra "O povo brasileiro" (Darcy Ribeiro) e de outras pesquisas, consegui buscar a origem de certos hábitos e da própria cultura caipira. Para início de conversa, devemos saber quem é esse povo caipira. Eles descendem do paulista bandeirante, misturado com indígena. Na época das bandeiras, e da forte mineração, nasce uma grande massa de "mamelucos" (mestiços, pelo sentido que atribuímos no Brasil à palavra).

     Essa população mestiça, bandeirante e mineradora vai acabar por se sedentarizar na região da paulistânia (Região que engloba o interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, e o norte do Paraná), após o esgotamento do ouro e da economia mineradora. A partir da sedentarização desse povo, cria-se a cultura caipira nos chamados arraiais. Uma cultura que cria porco, faz toucinho, produz o caldo da cana e seus derivados, como a pinga, melado, rapadura, cria gado, tira leite, faz queijo etc. É essa a gastronomia da cultura caipira, como também elementos do cardápio indígena, como peixe, frutos e outros alimentos oriundos da agricultura.

     Esse povo será criticado posteriormente por proprietários de terras, burgueses e latifundiários por não serem cidadãos economicamente ativos. Com sua visão burguesa e capitalista acabam por rotular esse povo por "preguiçoso" e até mesmo "desleixado". Até mesmo Monteiro Lobato retrata o caipira na figura de Jeca Tatu, um caipira preguiçoso, sem comprometimento com nada, sem interesse em melhorar de vida, etc. O que não é levado em conta, são as origens do caipira. Origens indígenas, que tem como o principal sentido para o trabalho, a subsistência; que não possuem um comércio ativo, nem monetário. Um povo que produz seu próprio alimento, que não tem mercado e sim feira, que não tem fábrica e sim artesanato.

    A cultura caipira acaba perecendo, com as pressões do governo brasileiro, as imposições da industrialização e as modernidades da globalização. Acabam sendo escorraçados para as cidades, onde não possuem reais oportunidades, e são marginalizados, com os piores empregos, como trabalhos braçais e, com o processo da modernização das cidades, vão parar nas periferias, aumentando as favelas e contribuindo para o aumento dos problemas sociais nas grandes cidades. São Paulo foi uma destruidora do caipira.

     As festas juninas, são festas comemoradas em junho, que já existiam por quase toda a Europa, até mesmo em culturas pagãs. Após serem cristianizadas, também chegam ao Brasil, com o sentido religioso que comemora o nascimento de São João Batista (e outros santos de junho). A fogueira é acesa para simbolizar o sinal que Isabel fez para Maria, avisando nascimento do santo. Já na cultura pagã, a fogueira servia para simbolizar o início dos solstícios. Já os rojões e bombinhas, são de origem portuguesa. Os portugueses trazem para o Brasil o costume dos fogos, com o sentido de "despertar São João Batista". Podemos concluir que o santo deve estar surdo, levando em consideração a algazarra toda feita pelas crianças até hoje.HAHAHA!

   Enfim, devemos procurar o sentido das nossas ações, mesmo se tratando de festas e comemorações. É sempre importante. Principalmente em escolas, onde alunos criam-se festejando datas sem saber o seu real sentido. Uma ótima dica para professores é fazer uma aula diferenciada para o diabedo, chamando a antenção deles para uma nova visão, para curiosidades e incluir conhecimento e entretenimento dentro dos festejos juninos.

2 comentários:

  1. Texto Legal, informativo com uma pitada de humor. A Festa Junina é forte em São Paulo. Creio que como uma forma de preservar as tradições caipiras que quase não tem espaço no mundo globalizado. A propaganda fez o ser caipira uma coisa feia, atrasada, ignorante. Caipira só aparece na televisão como piada. É o Brasil suprimindo sua cultura em prol de uma cultura global, uma cultura padrão.

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  2. Com certeza. Complementando, uma cultura uniforme. Daqui uns dias o churrasco gaúcho vai ser do Mc Donald's

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Que seja produtivo! Maldito! hahaha