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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre as Oligarquias

Fragmento retirado de meu último artigo:





1.         INTRODUÇÃO:

O período de 1900 a 1930 marcou o ápice do sistema oligárquico, bem como sua crise. Foi o período de maior desenvolvimento dessa modalidade; recaindo sobre o povo e “suas terras”, como no chamado “Porfirismo” [1]. Mesmo no caso do Brasil, na República velha, com eleições e uma suposta democracia, não houve, de fato, a participação do povo, a não ser para trabalhar e sustentar os pilares agro-exportadores, que não consideravam a questão social, nem mesmo foi capaz de projetar um mercado interno forte para o próprio povo.
Esse descaso com o povo, no entanto, não passou despercebido. É nessa época que as camadas médio-populares vão conseguir concretizar um sentimento de identidade como classe e identificar nas oligarquias o “inimigo” dessa época. Dessa forma, representam uma forte oposição ao molde oligarca, tanto no referente a produção quanto na direção do país. Esse período, de esfacelamento das oligarquias, marcou a ascensão de um proletariado, de uma burguesia industrial e de políticas nacionais-populares.
Não podemos esquecer que, esse processo, nessa época, foi o palco de projeção para os Estados Unidos no cenário mundial em forma de grande potência imperialista, dominando a economia latino-americana.Aos poucos, com a projeção da indústria norte-americana, suas pressões e o desenvolvimento do capitalismo imperialista, a América Latina acaba deixando de ser pré-capitalista para ser subdesenvolvida.
É nesse cenário que o populismo se estrutura como um modo característico da América Latina no processo de industrialização e modernização, com a figura, de um lado, de um líder e do outro lado o povo, que vira por fim, massa de manobra. Em síntese, toda a transição da sociedade rural para a industrial na América Latina, é acompanhada por revoltas, revoluções, diferentes políticas sociais, domínio e monopólio comercial dos Estados Unidos, surgimento de novas classes e a queda do sistema oligárquico.

2. O ÁPICE DAS OLIGARQUIAS:

A América Latina como um todo, levando em conta o processo histórico da formação do continente e, principalmente, a colonização exploradora que sofreu, foi organizada sobre moldes oligárquicos e escravocratas que suprimiram a cultura e a mentalidade que aqui existiam, de forma com que tivesse a lógica de produção substituída pela ideia europeia da época. Dessa forma – e só compreendendo isso tudo como base – podemos então, entender como e, por que se estruturaram as oligarquias nesses países latinos como modelo político e também econômico.
Esse modelo refere-se a uma grande acumulação de capital através da produção agrícola em massa, utilizando, na maioria dos países latino-americanos, o sistema de plantation.[2] No início do sistema colonial, baseado na exploração dos nativos e, geralmente, de escravos africanos, esse modelo econômico projetou uma sociedade hierarquizada, cujos governantes se sobrepunham a toda a sociedade. Esses acabavam, cada vez mais, por reforçar as contradições do seu próprio sistema, pois só atendiam ao setor econômico primário, e agiam de forma extremamente autoritária.

Os exemplos seriam muitos e variados em seu conteúdo. No entanto, o presidente guatemalteco Estrada Cabrera (18980-1920) talvez possa ser considerado paradigma do autoritarismo, como se pode observar no magnífico romance El señor presidente, do escritos Miguel Angel Asturias, que constrói uma fiel caricatura do ditador. (WASSERMAN, 1992, p.20)

Estrada Cabrera, presidente da Guatemala (1898-1920), pode ser considerado um estereótipo desse modelo oligárquico na América Latina, mesmo considerando a diversidade histórica de cada país, bem como suas peculiaridades e particularidades. O trabalho forçado, “estimulado” com forte violência, apresentava-se com o aumento da jornada de trabalho e extensão do latifúndio. Mas também temos o exemplo violento do México, para ressaltar o grau de violência empregado para manter o sistema oligárquico.

Assim justificava-se reforçar o poder coercitivo do Estado, sendo Exército responsável por assegurar a ordem segundo o lema do porfirismo de tratar os desordeiros a pan o palo: aos opositores dava oportunidades no governo; os indisciplinados esmagava com sua autoridade; os índios exterminava.(WASSERMAN, 1992, p. 72)

Além da violência empregada, no caso do México, o modelo agroexportador excluiu os indígenas camponeses de todo o progresso e da riqueza que ficava concentrada nas mãos dos órgãos ligados a Porfírio Diaz; Fustigou qualquer ambição no sentido do desenvolvimento industrial independente; Barrou qualquer setor que tivesse interesse em maior participação política. Dessa forma, não surgiram projetos efetivos no sentido de um desenvolvimento independente no país.
Na questão dos produtos produzidos na América Latina, no ápice da agro exportação, podem-se destacar o café, cereais, cana-de-açúcar, frutas em geral, e também no ramo da pecuária, seus derivados como lã e carne. O mercado externo para esses produtos era monopolizado por grandes potências, como a Inglaterra e os Estados Unidos, países esses que incentivavam a produção oligárquica. No caso da Inglaterra, o objetivo principal era controlar todo o comércio marítimo, ou seja, as exportações latinas, estabelecendo um monopólio mercantil.
Já os Estados Unidos, que se projetaram como uma nova potência e que, se impunham cada vez mais, tinham o objetivo de controlar a produção em regiões de economia primária, que é o exemplo do México e de Cuba. Começam a se alastrar pelo continente americano, na direção sul, no período de 1846, movimento que resulta na guerra entre os Estados Unidos e o México. Também pretendiam utilizar o fator geográfico da América Central, como um elo entre o Oceano Atlântico e o Pacífico.


[1] Porfirismo, ou Porfiriato, é o termo usado para denominar o período de 34 anos em que Porfírio Diaz se mantém na presidência do México. 
[2] Modelo de produção que tem por características principais o latifúndio, a mão-de-obra escrava e a monocultura exportadora. 

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Que seja produtivo! Maldito! hahaha