1.
INTRODUÇÃO:
O
período de 1900 a 1930 marcou o ápice do sistema oligárquico, bem como sua
crise. Foi o período de maior desenvolvimento dessa modalidade; recaindo sobre
o povo e “suas terras”, como no chamado “Porfirismo” [1].
Mesmo no caso do Brasil, na República velha, com eleições e uma suposta
democracia, não houve, de fato, a participação do povo, a não ser para
trabalhar e sustentar os pilares agro-exportadores, que não consideravam a
questão social, nem mesmo foi capaz de projetar um mercado interno forte para o
próprio povo.
Esse
descaso com o povo, no entanto, não passou despercebido. É nessa época que as
camadas médio-populares vão conseguir concretizar um sentimento de identidade
como classe e identificar nas
oligarquias o “inimigo” dessa época. Dessa forma, representam uma forte
oposição ao molde oligarca, tanto no referente a produção quanto na direção do
país. Esse período, de esfacelamento das oligarquias, marcou a ascensão de um
proletariado, de uma burguesia industrial e de políticas nacionais-populares.
Não
podemos esquecer que, esse processo, nessa época, foi o palco de projeção para
os Estados Unidos no cenário mundial em forma de grande potência imperialista,
dominando a economia latino-americana.Aos poucos, com a projeção da indústria
norte-americana, suas pressões e o desenvolvimento do capitalismo imperialista,
a América Latina acaba deixando de ser pré-capitalista para ser subdesenvolvida.
É
nesse cenário que o populismo se estrutura como um modo característico da
América Latina no processo de industrialização e modernização, com a figura, de
um lado, de um líder e do outro lado o povo, que vira por fim, massa de
manobra. Em síntese, toda a transição da sociedade rural para a industrial na
América Latina, é acompanhada por revoltas, revoluções, diferentes políticas
sociais, domínio e monopólio comercial dos Estados Unidos, surgimento de novas
classes e a queda do sistema oligárquico.
2. O ÁPICE DAS OLIGARQUIAS:
A
América Latina como um todo, levando em conta o processo histórico da formação
do continente e, principalmente, a colonização exploradora que sofreu, foi
organizada sobre moldes oligárquicos e escravocratas que suprimiram a cultura e
a mentalidade que aqui existiam, de forma com que tivesse a lógica de produção
substituída pela ideia europeia da época. Dessa forma – e só compreendendo isso
tudo como base – podemos então, entender como e, por que se estruturaram as
oligarquias nesses países latinos como modelo político e também econômico.
Esse
modelo refere-se a uma grande acumulação de capital através da produção
agrícola em massa, utilizando, na maioria dos países latino-americanos, o
sistema de plantation.[2] No
início do sistema colonial, baseado na exploração dos nativos e, geralmente, de
escravos africanos, esse modelo econômico projetou uma sociedade hierarquizada,
cujos governantes se sobrepunham a toda a sociedade. Esses acabavam, cada vez
mais, por reforçar as contradições do seu próprio sistema, pois só atendiam ao
setor econômico primário, e agiam de forma extremamente autoritária.
Os exemplos
seriam muitos e variados em seu conteúdo. No entanto, o presidente guatemalteco
Estrada Cabrera (18980-1920) talvez possa ser considerado paradigma do autoritarismo,
como se pode observar no magnífico romance El
señor presidente, do escritos Miguel Angel Asturias, que constrói uma fiel
caricatura do ditador. (WASSERMAN, 1992, p.20)
Estrada
Cabrera, presidente da Guatemala (1898-1920), pode ser considerado um estereótipo
desse modelo oligárquico na América Latina, mesmo considerando a diversidade
histórica de cada país, bem como suas peculiaridades e particularidades. O
trabalho forçado, “estimulado” com forte violência, apresentava-se com o
aumento da jornada de trabalho e extensão do latifúndio. Mas também temos o
exemplo violento do México, para ressaltar o grau de violência empregado para
manter o sistema oligárquico.
Assim justificava-se reforçar o poder
coercitivo do Estado, sendo Exército responsável por assegurar a ordem segundo
o lema do porfirismo de tratar os desordeiros a pan o palo: aos opositores dava oportunidades no governo; os
indisciplinados esmagava com sua autoridade; os índios exterminava.(WASSERMAN,
1992, p. 72)
Além
da violência empregada, no caso do México, o modelo agroexportador excluiu os
indígenas camponeses de todo o progresso e da riqueza que ficava concentrada nas
mãos dos órgãos ligados a Porfírio Diaz; Fustigou qualquer ambição no sentido
do desenvolvimento industrial independente; Barrou qualquer setor que tivesse
interesse em maior participação política. Dessa forma, não surgiram projetos
efetivos no sentido de um desenvolvimento independente no país.
Na
questão dos produtos produzidos na América Latina, no ápice da agro exportação,
podem-se destacar o café, cereais, cana-de-açúcar, frutas em geral, e também no
ramo da pecuária, seus derivados como lã e carne. O mercado externo para esses
produtos era monopolizado por grandes potências, como a Inglaterra e os Estados
Unidos, países esses que incentivavam a produção oligárquica. No caso da
Inglaterra, o objetivo principal era controlar todo o comércio marítimo, ou
seja, as exportações latinas, estabelecendo um monopólio mercantil.
Já
os Estados Unidos, que se projetaram como uma nova potência e que, se impunham
cada vez mais, tinham o objetivo de controlar a produção em regiões de economia
primária, que é o exemplo do México e de Cuba. Começam a se alastrar pelo
continente americano, na direção sul, no período de 1846, movimento que resulta
na guerra entre os Estados Unidos e o México. Também pretendiam utilizar o
fator geográfico da América Central, como um elo entre o Oceano Atlântico e o
Pacífico.
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Que seja produtivo! Maldito! hahaha