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Labi lasīt

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Conto de Guerra e Liberdade - Capítulo 3


Cory decidiu então seguir a multidão, afinal, seus compradores provavelmente não estariam em casa, nesse momento. “O que poderia acontecer de diferente nesse dia? Além do que estava acontecendo, claro.” – perguntou-se Cory. Acompanhou de longe a longa fila que lotava a Treamount, enquanto observava alguns detalhes e pensava consigo mesmo: “Eles devem ter ficado loucos. Será que acham que isso vai ficar assim? Prender os casaca-vermelhas e executá-los por conta própria?” Dessa forma Cory continuou o caminho, descrente no sucesso do povo de Boston, no que for que estivessem pensando em fazer. Cory sabia, apesar de nunca ter estado em uma batalha, que os soldados britânicos eram superiores a qualquer exército que até então se tivesse ouvido falar. Os ingleses derrotaram até mesmo a “Invencível Armada” espanhola. Eram superiores desde o treinamento até a questão do armamento. Se eles resolvessem apelar para a violência, a situação complicaria para os colonos americanos, inclusive para Cory. Ele e seu pai fabricavam o licor e vendiam-no sem pagar as taxas exigidas pela Inglaterra, mas é claro, ninguém sabia. Se a presença e a fiscalização inglesa aumentassem na cidade de Boston, com certeza seus negócios seriam prejudicados.
Aos poucos a multidão foi se aproximando da esquina que fazia ligação com a Rua Kings. Quando todos dobraram a esquina, o início da turba estava em frente ao prédio central de Boston. Lá se organizavam com os red-coats presos e os Filhos da Liberdade. Cory então percebeu a presença de outros dois soldados ingleses do outro lado da rua, escondidos entre uma viela, observando o que acontecia. Com certeza estavam a espionar, pois não ousavam, no momento, enfrentar o povo enfurecido. Tinham consciência de que o momento representava uma efervescência social muito grande, o que poderia acarretar em acontecimentos muito maiores. Os dois soldados observavam tudo, muito bem escondidos, já Cory, que também observava, não estava escondido.
John Gill subiu então em um palanque, seguido por alguns homens armados. Eram os milicianos. Ainda não eram muito conhecidos, por constituírem um grupo pequeno, sem muitos objetivos declarados, mal armados e que tinham não tinham como profissão a guerra e a luta. Eram lenhadores, caçadores, ferreiros e fazendeiros. Formavam uma milícia local. Seguiram John Gill, pois o acompanhavam durante toda a caminhada. Cory imaginou que estavam do lado dos Filhos da Liberdade, ou que até alguns poderiam fazer parte do grupo. Levavam os soldados presos e o seu comandante, Preston Thomas, para cima do palanque, acorrentados. Preston gritava coisas como “Vocês vão se arrepender!”, “Seus traidores petulantes!”, “Vão se ver com o Rei!”. John Gill então pediu por silêncio. Esperou cerca de um minuto até a maioria do povo entender que ele queria falar, então começou:
_Esses covardes, são os responsáveis pelo massacre da noite anterior! Atiraram no povo desarmado e indefeso a sangue-frio e não podem ficar sem julgamento!
O povo respondeu com muitos gritos de reprovação aos soldados britânicos do palanque.
_Cometeram essa atrocidade nesse lugar, onde vocês, trabalhadores pacatos, religiosos e inocentes, estão pisando. Creio que é aqui que devem ser julgados!
Mais uma vez o povo concordava com John Gill e pedia por julgamento dos soldados e seu superior. Gill enquanto esperava pela manifestação do povo, observava a multidão de um lado ao outro com astúcia. Pensava consigo mesmo “Enfim as coisas darão certo! Dessa vez o povo está se juntando a causa, e olha só quanta gente!”, e enquanto isso, num relance, reconheceu Cory, perto de um prédio, acompanhando com olhos curiosos tudo que acontecia. Cory percebeu que John havia lhe identificado na multidão. Alguma coisa fez com que, nos breves instantes que seus olhares se cruzaram, Cory apontasse para o outro lado da rua, onde os dois soldados espionavam o acontecimento. Cory não entendeu o porquê de sua intromissão, já que nada disso lhe dizia respeito.
John Gill logo mudou sua expressão, de grandeza, para um olhar de preocupação. Perdeu-se durante alguns segundos em seus pensamentos, olhando para o chão do palanque, e quase que instantaneamente falou aos ouvidos de alguns homens que estavam por perto. Deu-lhes alguma ordem, e esses desceram do palanque rapidamente, desvencilhando-se do povo que dificultava sua passagem. Logo os dois soldados, percebendo que haviam sido detectados e que estavam sendo seguidos, bateram em retirada, rumo a uma viela. Nesse momento os milicianos já estavam correndo atrás de seus alvos que corriam desajeitadamente por carregar seus mosquetes. Aos poucos os perseguidores alcançavam os red-coats que se infiltravam cada vez mais por dentro de pequenas e escuras ruas.

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Que seja produtivo! Maldito! hahaha