Lendo sobre o processo
que acarretou na criação de um chamado “Terceiro Mundo” acabei por me dar conta
de um fator interessante que Eric Hobsbawn nos traz em “A Era dos Extremos”.
Essa condição neocolonial dos países de terceiro mundo, mesmo após suas
“independências”, apresenta problemas gravíssimos, que perduram desde os anos
60/70 do século passado, como a miséria extrema em alguns desses novos Estados,
e ao mesmo tempo a gigantesca centralização de renda, tornando alguns chefes de
Estado os homens mais ricos do planeta. Ou também a divisão territorial, que
como diz Vizentini, “O Estado antecedia a
existência de uma nação”, causando guerras civis “intermináveis” devido à
questão de limites territoriais; carnificinas que perduraram até pouco tempo.
Pois bem, o foco não é
discursar sobre os problemas existentes, até porque são um pouco óbvios, e nem
mesmo acusar a ONU de algum tipo de negligência – ou algo pior, pois não
faltariam parágrafos para tal – mas, lembrar alguns dados interessantes que
explicam a grande pobreza desses países descolonizados. Além de não poder
contar com o apoio das Nações Unidas – pelo menos não com o devido apoio na concepção do Direito a
Autodeterminação – esse países também enfrentaram a questão da explosão
demográfica, característica de países subdesenvolvidos e pobres. Essa explosão
é uma das principais mudanças do século XX.
Hobsbawn nos da o
seguinte dado: “Na África, onde havia um
em 1939, agora (pós Segunda Guerra) eram cerca de cinquenta.”; O problema
da explosão demográfica não se deu só na África. Apesar do número de habitantes
diminuir na Segunda Guerra, “desde meados
do século a população cresceu a uma taxa além de todo precedente”. Claro
que esse crescimento se deu nas regiões das colônias, que começavam a se
descolonizar. Acontece então um leve declínio populacional na Europa, porém uma
grande explosão demográfica em países do continente africano, ou até mesmo no
México (exemplo usado por Hobsbawn). Então a Europa possuía piores condições de
vida? Expectativa de vida inferior aos países subdesenvolvidos? Como explicar
essa situação?
Na época do “Boom” da
medicina moderna que chegava até os países miseráveis (políticas norte
americanas visavam aproximar-se de países com economia frágil e politicamente
débeis.), houve uma queda brusca na
taxa de mortalidade desses países. Levando isso em conta, sem esquecer-se da
alta taxa de natalidade acontece a explosão demográfica. Os países europeus
ainda passavam por uma reestruturação da questão qualitativa de vida, e
considerando a baixa taxa de natalidade, podemos notar o contraste quantitativo
entre a população dos dois continentes. Hobsbawn afirma sobre a população africana
que “60% da população tem menos de quinze
anos”.
Imaginamos agora, os
problemas sociais existentes nesses países. Como também nos lembra Hobsbawn,
devemos imaginar dividir um PIB entre uma população estável, e dividi-lo entre
uma população que duplica. Então devemos levar em conta a questão demográfica
nos países de “terceiro mundo”, agora, subdesenvolvidos, o que pode fazer uma
grande diferença na autodeterminação de um Estado, ou seja, na sua capacidade
de se autogovernar e por meio dessa, assegurar sua liberdade, soberania e a
cidadania de seu povo.
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Que seja produtivo! Maldito! hahaha